
Iniciativa visa criar projetos de pesquisas a longo prazo em redes nacionais e internacionais de cooperação científica
Sediado na Universidade Feevale, no Rio Grande do Sul, o Instituto Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (INCT) em Vigilância Genômica e Saúde Única iniciou suas atividades no final de 2023, e vai se estender até o ano de 2028. O anúncio do financiamento foi feito pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A instituição conta com a parceria de quatro estados: Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, além dos países Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido.
O projeto foi selecionado na última chamada pública do programa Institutos Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação (INCTs) em 2022. O programa, criado em 2008, caracteriza-se por grandes projetos de pesquisa de longo prazo em redes nacionais ou internacionais de cooperação científica, envolvendo pesquisadores e bolsistas das mais diversas áreas para o desenvolvimento de projetos de alto impacto científico e formação de recursos humanos.
Para a formação da rede, o MCTI, o CNPq, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) destinarão recursos na ordem de R$ 5,3 milhões. A verba será disponibilizada para pesquisas de alto nível a serem desenvolvidas em conjunto. O INCT iniciou suas atividades no final de 2023, com as primeiras publicações e a alocação de recursos. Ainda em 2024, realizará o primeiro encontro presencial de toda a equipe.
Cada um dos INCTs atualmente em execução no Brasil atua em temas de diferentes áreas do conhecimento, seja Ciências Humanas, Biológicas, Exatas ou Agrárias, envolvendo milhares de pesquisadores e bolsistas em temáticas complexas. Os projetos são estruturados em subprojetos, muitos dos quais descentralizados nos diferentes laboratórios e centros que integram a rede de pesquisa.
Excelência em Produção Científica
O Instituto Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (INCT) deve contar, em sua coordenação, com uma instituição sede que apresente excelência em produção científica e/ou tecnológica, alta qualificação na formação de recursos humanos e capacidade para atrair recursos de outras fontes. O INCT será coordenado pelo professor Fernando Spilki, pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão da Universidade Feevale. O Diretor Adjunto de Pós-graduação da FAMERP, Prof. Mauricio Lacerda Nogueira, será o coordenador substituto do INCT.
Segundo Spilki, entre as atividades do grupo está monitorar a circulação de novos vírus em animais silvestres e verificar a dinâmica de circulação de diferentes agentes virais em seres humanos e animais domésticos. Também haverá recursos disponíveis para investigar casos novos e não resolvidos pelos métodos convencionais de diagnóstico, em diferentes espécies e em pessoas. “O projeto nos permite trabalhar na fronteira mais importante, no sentido de antecipar novas pandemias. Esse tipo de informação também é relevante no dia a dia para os órgãos que monitoram a saúde animal e humana e ainda para auxiliar na conservação de espécies da fauna brasileira”, explica.
O coordenador substituto do INCT, Maurício Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), destaca a importância deste INCT, que é uma parceria entre vários institutos, para o estabelecimento de uma rede ativa e prospectiva de identificação dos riscos à saúde humana e animal. “Essa rede tem uma parte gerada pela Rede Corona-ômica.BR/MCTI, que já foi uma parceria de muito sucesso, liderada pelo Fernando Spilki e pela Universidade Feevale. Essa nova rede de vigilância vai nos permitir expandir não só questões de coronavírus, mas de outros patógenos que são importantes para a saúde humana e animal”, afirma.
De acordo com a pesquisadora Helena Lage Ferreira, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da Universidade de São Paulo (USP), e também uma das pesquisadoras do programa, o INCT aprovado tem enfoque em vigilância genômica e saúde única. Ela destaca a união de redes estabelecidas durante a pandemia de Covid-19, como a Rede Corona-ômica.BR/MCTI (atuante na vigilância genômica de vírus), Rede Previr/MCTI (Rede Nacional de Vigilância de Vírus em Animais Silvestres), Rede Vírus Diagnóstico (envolvida no desenvolvimento de diagnóstico de Covid-19) e Rede Laboratório de Campanha.
Para a pesquisadora, haverá um grande impacto científico para o país, pois somará os esforços já estruturados para o monitoramento e os estudos avançados dos vírus emergentes e reemergentes, como Zika, SARS-CoV-2 e influenza aviária. “Com isso, teremos o INCT para impulsionar as pesquisas nessa área, juntando lideranças da virologia com diferentes perfis para monitorar e ajudar no controle dos vírus emergentes”, diz Helena.
Instituições participantes do INCT Vigilância Genômica e Saúde Única
Rio Grande do Sul
- Universidade Feevale (Centro Coordenador)
- Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
São Paulo
- Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp – Coordenador Substituto)
- Universidade de São Paulo (USP)
- Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
- Universidade Estadual Paulista (Unesp)
- Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM)
Minas Gerais
- Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Mato Grosso do Sul
- Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
Alemanha
- Universidade de Berlim
Estados Unidos
- University of Texas Medical Branch
Reino Unido
- UK Health Security Agency (UKHSA)