Uniformizar conceitos e relações de posição entre estruturas do Sistema Nervoso é fundamental para o diagnóstico preciso em Medicina. Entretanto, ainda não há consenso absoluto – nem conceitual e nem topográfico – nas duas últimas décadas para determinadas estruturas em Neuroanatomia.
É o que demonstrou o artigo científico publicado no periódico oficial da Sociedade Brasileira de Anatomia (SBA), de autoria do Departamento de Anatomia da Famerp, em colaboração com a Disciplina de Língua Inglesa da Famerp. A partir de um projeto de Iniciação Científica da acadêmica Heloiza Duarte dos Santos foram analisados compêndios, atlas, periódicos, dicionários etimológicos grecolatinos e a mais recente Terminologia Anatômica Mundial, a fim de avaliar eventuais contraposições conceituais ou topográficas em Neuroanatomia.
O resultado foi que não há uniformidade conceitual quanto a núcleos da base do telencéfalo, paleocerebelo, giro occipitotemporal medial, tálamo e corpúsculos axonais, e nem precisão topográfica para lemniscos espinal e medial, estrias medulares do quarto ventrículo e para os pares de nervos cranianos abducente, facial e vestibulococlear.
“Contraposições conceituais e topográficas são consequência direta do fato que muitos autores, nos dois últimos séculos, tenderam a copiar fielmente seus predecessores em vez de contrariar ou expor alternativas a dogmas estabelecidos de longa data. Efeitos dessas inadequações podem incluir imprecisões no aprendizado e, em Ciências da Saúde, risco de iatrogenia”, menciona Prof. Dr. Fernando Batigalia, Chefe do Departamento e estudioso da Anatomia Humana há 40 anos.
A finalização dessa compilação somente foi possível graças à atuação da Profa. Dra. Adília Maria Pires Sciarra (docente titular de Língua Inglesa Instrumental da Famerp) que avaliou, termo a termo, a significância e a precisão linguística da Nomina Anatômica quanto à sua versão em inglês. “Causa-nos muito orgulho poder efetivar sólida parceria acadêmica e utilizar toda a nossa experiência para renovar o conhecimento linguístico em Ciências da Saúde, especialmente, em Anatomia”, comenta Professora Adília.
O artigo foi publicado no periódico Journal of Morphological Sciences, e está disponível pelo link https://www.jmssba.com/_files/ugd/cb512e_cc4e26b70e2e4cee9e5ae1da6cbcce73.pdf.